quarta-feira, janeiro 28

O Luxo em Tempos de Cólera







"Desde a Grécia antiga, produtos de luxo recebem o carimbo da imoralidade.
Eles representam lixo, superficialidade, inadequação de riqueza. Não têm necessidade de existir." O autor da frase é o sociólogo Gilles Lipovetsky, escritor de vários livros, entre eles "
O Império do Efêmero".

Em um dos trechos do livro, o consumo é assim definido:
"... lazer fácil, a fugacidade das imagens, a sedução distrativa da mídia só podem sujeitar a razão, enviscar e desestruturar o espírito.
O consumo é superficial, portanto põe fim à razão; as indústrias culturais são estereotipadas, portanto a televisão embota os indivíduos e fabrica moluscos descerebrados.
O feeling e o zapping (ficar mudando de canal de tevê rapidamente, com controle remoto), esvaziam as cabeças; o mal, de qualquer modo, é o superficial, sem que se chegue a desconfiar nem por um segundo que efeitos individuais e sociais contrários às aparências possam ser a verdade histórica da era da sedução generalizada....".


Em meio à 1ª crise do século XXI, em que os índices da bolsas de valores tornam claro a debaclè do capitalismo neo-liberal e a globalização leva, aos 7 mares, tanto a informação quanto a recessão, o efêmero também é atingido.
Consumidores do luxo, setor considerado à prova de choques, reprimem seu apetite.

Vamos da teoria aos fatos:

* As liquidações de grifes nos EUA tiveram um resultado desastroso.
* Em Tóquio, a Louis Vuitton cancelou a inauguração de sua loja mais requintada.
* E a francesa Chanel cortou, recentemente, 200 funcionários temporários (para a empresa, a pior ação de RH, desde 1939, quando Coco Chanel demitiu o staff inteiro, no espocar da 2ª Guerra Mundial).
* As semanas de moda, adequando à conjuntura, tendem a mostrar uma moda mais "pronta pra vestir" do que sempre.

A opinião deste blog ( que fique claro) é que o luxo não tem nada de imoral.
O luxo é relativo.
A extravagância de uns pode ser a cesta básica de outros.
Além, ele (o luxo) cria empregos.

Como disse Lipovetsky, há na moda "... um caráter libertário, (que) faz dela signo das transformações que anunciaram o surgimento das sociedades democráticas..."
Desde que haja "fair trade",
a excentricidade de uns (poucos) é o sustento de outros (tantos).
Já que não tivemos a sorte de nascer com a exuberância natural dos pavões,
criamos artifícios para diferenciarmo de pares ingratos.
A fim de atrair personas gratas...
Diferenciações que nos levam a meta de tornarmo iguais.
A quem?
A quem somos ou a quem gostaríamos de ser?

Reflexões ...
Èrrimas ... também refletem ...
bjosssss

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